Embora para a maioria das pessoas seja fácil distinguir entre um realacionamento saudável e outro abusivo, para alguns isso não é tão claro assim.
O desrespeito aos limites do outro é um dos sinais mais evidentes que aparecem nessas relações. Cada pessoa tem os seus limites, que são diferentes e particulares, de pessoa para pessoa, nas diversas áreas da vida. Temos limites na hora de brincar; de desejar ou não alguma coisa; de suportar determinadas situações; de conversar sobre determinados assuntos; de se expor aos outros; limites físicos; etc… O parceiro abusivo não respeita os limites do outro. Isso pode começar através de uma brincadeira indesajada; de um momento de humilhação até chegar numa ofensa ou agressão.
O problema é que existem homens e mulheres que permanecem nesses relacionamentos apesar de se sentirem humilhados e agredidos. Eles acreditam que através do seu amor e incansável compreensão conseguirão transformar o parceiro numa pessoa melhor.
Mas, por que essas pessoas se submetem e insistem em ficar em relações tão doentias?
Um dos fatores é o comportamento inconstante que o parceiro abusivo costuma demonstrar. Em alguns momentos é agressivo e em outros é extremamente carinhoso.
Na psicologia esse tipo de comportamento funciona como um “reforço intermitente”. É o tipo de reforço mais eficiente para manter um determinado comportamento. O fato do parceiro nunca saber se o outro irá se comportar de forma carinhosa ou agressiva faz com que ele não perca a esperança de que virá o carinho, em algum momento. Desta forma, ele continua na relação mesmo se sentindo abusado, magoado e com raiva.
Porém, o fator que considero mais importante é o fato dessas pessoas crescerem em famílias disfuncionais, onde os seus limites pessoais não eram respeitados e onde a ameaça da perda do amor e da valorização por parte dos pais eram constantes. Elas desenvolveram a negação e a racionalização como mecanismo de defesa para suportar a dor. Aprenderam a funcionar no piloto automático, como se nada estivesse acontecendo, justificando o comportamento dos familiares com todo tipo de argumentação e teoria. Aprenderam a deixar de lado a sua dor e seus sentimentos para conseguirem amor e atenção. Quando adultas elas continuam com esse padrão de relacionamento, pois foi o que aprenderam e que parece seguro e familiar. A tendência é repetir esse modelo ao longo da vida.
Quanto mais tempo elas permanecerem nessas relações, maiores serão os danos a sua autoestima e mais desconectadas da realidade estarão.
A única forma de parar de repetir esse modelo é parar de negar a realidade. Porém, dependendo da gravidade, é necessário contar com um profissional para ajudar na recuperação da sanidade mental e para buscar relações mais saudáveis.
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